"Tua consciência é teu guia", quem um dia me falou essa frase não soube o verdadeiro significado dela.
Como pode uma pessoa que
julga mais os outros do que a si próprio, querer impor "boas
maneiras".
Uma pessoa que passa
dezenove anos do lado da outra mentindo, fingindo ser uma pessoa correta, com
um ar superior (como se tivesse o direito), tem capacidade de olhar pro
parceiro, e para os frutos do "amor" e não sentir vontade de se
desmentir, mostrar que ele também erra, que tem seus fracassos, fracassos
esses, maiores que qualquer um dos que ele aponta nos outros. O consolo dele
era exaltar os pequenos erros dos outros pra se mostrar superior.
Essa pessoa de quem eu
falo, é meu pai, e pela primeira vez em meus textos que eu denomino a quem me
refiro. Se não fosse assim talvez ninguém entenderia o tamanho da mágoa que ele
fez nascer em mim. Um homem em quem eu vejo e me baseio na ideia de que
definitivamente não quero casar.
Que amor é esse tão
grande que ele dizia sentir pela minha mãe, olhando nos meus olhos, e depois
procurando "o que ele não tinha em casa na rua".
Na verdade eu já tive
tantos sentimentos por ele, raiva, mágoa, nojo, mas o que mais transparece
agora é o medo. Medo por não saber quem me criou, do que ele já foi capaz, medo
de saber que sou dependente dessa pessoa, que não posso falar nada pra ela
porque a vida DELES não me diz respeito, como se a vida fosse só deles, como se
nenhuma discussão ou intimidade na minha frente tenha feito diferença alguma na
minha vida. Medo de ter que fingir que está tudo bem, que eu não tenho nenhum
ressentimento dele pra não causar atrito na nossa relação.
Nossa relação, relação
essa que a gente vai ter que criar, como eu vou poder olhar nos olhos dele sabendo
de tudo que ele já fez pra minha mãe, da
capacidade que ele teve de omitir por tanto tempo, não sei se eu vou conseguir,
sinceramente. Eu não tenho sangue frio, sou impulsiva, falo o que eu penso na
hora que eu bem entendo, e ele merecia ouvir muitas verdades que estão entaladas
junto com essas lágrimas que escorrem pelo meu rosto agora.
Ele teve a vida dele, com
quase cinquenta anos vivendo como um pia, o ciclo de amigos eram guris de
vinte, trinta anos, viajando atrás de futebol, torneios em praia, sem contar as
outras atitudes imaturas que minha mãe aguentou.
E ele parecia não
entender o orgulho que eu sinto da minha mãe, ah, essa sim, aguentou tanta
coisa nessa vida, aguentou ele humilhar ela tantas vezes na frente dos próprios
filhos, ele tinha o prazer de estragar o dia dela, chegava em casa tratando a
gente como serviçais afinal ele pagava as contas, não era mais do que a nossa
obrigação fazer o que ele ordenava.
Eu sempre falei que ele
nunca teve maturidade pra ter filhos, eles se casaram porque minha mãe
engravidou, por descuido a minha mãe vai começar a viver HOJE, aos quarenta e
um anos de idade, separada do meu pai.
Agora ela vai ter a vida dela,
ela vai ser feliz, sem dizer "e assim eles tiveram um final feliz",
eu digo e assim a minha mãe finalmente esta tendo um começo feliz. Estou
contigo sempre meu orgulho, te amo mais que tudo nessa vida.
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