sábado, 27 de outubro de 2012

Começo de um final feliz

      "Tua consciência é teu guia", quem um dia me falou essa frase não soube o verdadeiro significado dela.
Como pode uma pessoa que julga mais os outros do que a si próprio, querer impor "boas maneiras".
Uma pessoa que passa dezenove anos do lado da outra mentindo, fingindo ser uma pessoa correta, com um ar superior (como se tivesse o direito), tem capacidade de olhar pro parceiro, e para os frutos do "amor" e não sentir vontade de se desmentir, mostrar que ele também erra, que tem seus fracassos, fracassos esses, maiores que qualquer um dos que ele aponta nos outros. O consolo dele era exaltar os pequenos erros dos outros pra se mostrar superior.
Essa pessoa de quem eu falo, é meu pai, e pela primeira vez em meus textos que eu denomino a quem me refiro. Se não fosse assim talvez ninguém entenderia o tamanho da mágoa que ele fez nascer em mim. Um homem em quem eu vejo e me baseio na ideia de que definitivamente não quero casar.
Que amor é esse tão grande que ele dizia sentir pela minha mãe, olhando nos meus olhos, e depois procurando "o que ele não tinha em casa na rua".
Na verdade eu já tive tantos sentimentos por ele, raiva, mágoa, nojo, mas o que mais transparece agora é o medo. Medo por não saber quem me criou, do que ele já foi capaz, medo de saber que sou dependente dessa pessoa, que não posso falar nada pra ela porque a vida DELES não me diz respeito, como se a vida fosse só deles, como se nenhuma discussão ou intimidade na minha frente tenha feito diferença alguma na minha vida. Medo de ter que fingir que está tudo bem, que eu não tenho nenhum ressentimento dele pra não causar atrito na nossa relação.
Nossa relação, relação essa que a gente vai ter que criar, como eu vou poder olhar nos olhos dele sabendo de tudo que ele já fez pra minha mãe, da capacidade que ele teve de omitir por tanto tempo, não sei se eu vou conseguir, sinceramente. Eu não tenho sangue frio, sou impulsiva, falo o que eu penso na hora que eu bem entendo, e ele merecia ouvir muitas verdades que estão entaladas junto com essas lágrimas que escorrem pelo meu rosto agora.
Ele teve a vida dele, com quase cinquenta anos vivendo como um pia, o ciclo de amigos eram guris de vinte, trinta anos, viajando atrás de futebol, torneios em praia, sem contar as outras atitudes imaturas que minha mãe aguentou.
E ele parecia não entender o orgulho que eu sinto da minha mãe, ah, essa sim, aguentou tanta coisa nessa vida, aguentou ele humilhar ela tantas vezes na frente dos próprios filhos, ele tinha o prazer de estragar o dia dela, chegava em casa tratando a gente como serviçais afinal ele pagava as contas, não era mais do que a nossa obrigação fazer o que ele ordenava.
Eu sempre falei que ele nunca teve maturidade pra ter filhos, eles se casaram porque minha mãe engravidou, por descuido a minha mãe vai começar a viver HOJE, aos quarenta e um anos de idade, separada do meu pai.
Agora ela vai ter a vida dela, ela vai ser feliz, sem dizer "e assim eles tiveram um final feliz", eu digo e assim a minha mãe finalmente esta tendo um começo feliz. Estou contigo sempre meu orgulho, te amo mais que tudo nessa vida. 

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